Gostava de ser clara e precisa como a lua em quarto minguante. Como um novo rebento de planta. Como a água da fonte. Como uma planície alentejana – é disso que eu estou a falar. Leva tempo, bem sei. Como as dunas: milhares e milhares de anos, grão a grão. E esforço também, bem sei. Às vezes, até, um bocadinho de sofrimento para a obra ficar perfeita, como nós queremos. Mas será que alguma vez fica?
Quero ser clara e precisa e saber sempre o meu nome no meio das maiores tempestades; voltar a encontrar o meu rumo sempre que entrar num filme que não é o meu; não me deixar enredar, nem enrolar o fio à volta do meu pescoço de propósito. Respirar. E continuar sempre.
Citando o poeta português José Gomes Ferreira (1900-1984), aproveito para fazer aqui um manifesto do que não esperar deste blog: 1) que seja exacto; 2) que seja coerente; 3) que seja assíduo; 4) que seja objectivamente pessoal; 5) que seja subjectivamente polémico; 6) que seja pertinente; 7) que seja inovador; 8) que seja útil; 9) que seja fútil; 10) que seja agradável de ler. Obrigada.