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Thursday 20 October 2022

Sou da Tribo dos Poetas

                       



Sou da tribo dos poetas 

dos desalinhados 

dos equilibristas a viver 

os desequilibrios do mundo. 


Os que preferem os pés 

a enterrarem-se em diagonais na areia

à certeza do asfalto ou à aridez do betão, 

a esquadrinhar por dentro a alma 

e a vida da gente.


Sou dos que se comovem com a inclinação perfeita 

da elipse do voo


Que olham maravilhados o desenho que a imaginação 

risca no céu.


Para quem tudo é agora: 

o gosto da comida na boca,

a memória do gosto. 


Como antepassados

que voltam sempre a visitar-nos 

(ou nunca chegam a partir

apenas fazem elipses mais vastas nos seus voos).




[O recorte na paisagem a encaixar de forma tão precisa 

no que estamos a sentir]



Somos movidos a energias 

renováveis - tudo se move 

e tudo é constante -

intensidades de azuis e neblinas

águas frias e moinhos de vento

norte nora sul seca

chamas sinos braços

amparo

colo

tudo

nós

Nós.



      Agosto 2022