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Thursday 18 June 2009

Pelo dia e pela noite











Hoje olhei pela janela e vi

O luzir de um dia novo.
Depois fez-se noite outra vez
O azul tornou-se forte

Pincel de aguarela em água transparente
Tingiu o céu
Tingiu tudo. O sol amarelo
Da manhã que se anunciava
Desbotou tímido e desapareceu
O azul adensou-se mais
Até se tornar paredes de casas
Águas navegáveis de rio
Folhas de árvores e troncos
Tudo era azul. Tudo era noite outra vez
Só a Lua sorria. Alta garbosa
Com a nova entrada em cena
Prima ballerina agradecendo os aplausos
E puxando pelas mãos, para a frente do palco
todas as coisas iluminadas pela sua luz
De súbito, o riso da Lua estancou
E esse riso que já não cabia nela
Deu lugar ao sol
A um sol raro e enigmático
Sol nocturno, de meia-noite
Então, todas as coisas se quedaram
Perante essa luz misteriosa
E o dia que assim nasceu inesperado
Demorou muitos anos a passar.

*******

Era uma nova condição de vida que chegava
Deixando aos homens a responsabilidade
De velar pelos dias e pelas noites.
Não cabia já a Deus essa função
Pois ninguém mais podia com certeza afirmar
Se Deus se tinha diluído no azul
Ou estancado no sorriso pálido da Lua.

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