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Monday 21 December 2009

Fortaleza - Terra do Sol; das Nuvens gigantes; das Árvores rainhas, senhoras e donas da paisagem; do Mar quente, rico e caprichoso; e também dessa gente daqui, eternas crianças à mercê do mundo.

Olho Fortaleza como uma criança. Eu, criança, olhando-a e descobrindo, tentando adivinhar-lhe os nomes e os segredos. Ela, cidade jovem, onde tudo parece feito com essa displicência infantil, própria da brincadeira.
Mas não, não é brincadeira, é trabalho duro. Feito como só as crianças são capazes de fazer: com afinco, com determinação, com uma entrega total e inconsciente, sem pausas e sem retorno. É preciso trabalhar duro para tirar sustento desta terra imensa, mas principalmente é preciso acreditar. E assim encontramos essa fé "nordestina" - inabalável, como a das crianças que ainda não descobriram a mentira por detrás da máscara...
E como essas crianças ainda acreditam, tudo nesta cidade parece evocar a fantasia e a brincadeira. As casas, os carros, os muros, as estradas, são construídos, destruídos, pintados (com cores luminosas quase alucinantes), num arfar constante, barulhento e cheio de fumaça. Para depois tudo ser deixado ao Deus-dará, até que outra volta retorne, tal como num jogo.
Só o que é verde parece obedecer a uma ordem pensada, pré-definida e organizada. Mas essa é a ordem da natureza, justa, implacável e inabalável. E muitas vezes parece que os elementos conspiram para fazer troça dos intentos do homem em domar a natureza. Como no caso do coqueiro cobra, serpenteando até à altura dos outros, ou no da duna que cresce até engolir a estrada. Outras vezes essa mesma natureza é doce de fazer rir até às lágrimas...
Cidade e terras das memórias de infância. Das frutas de mil cheiros, cores, sabores e formas; da criatividade em utilizar tudo o que está à mão, para combater o tédio dos dias secos e quentes. Das infâncias que cresceram com a mata dentro do quintal e a rua como recreio. Aqui, como em Cabo Verde, como na Guiné, como em S. Tomé, como em Portugal, e talvez, por todo esse mundo fora... que ainda falta muito para conhecer!

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