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Monday 29 April 2013

A liberdade nasce como a nova pele de uma cobra



As bocas caladas de espanto
Geraram gritos abafados de susto
E os olhos rasos de medo encheram
corações de pranto. Corpos imóveis
em pânico correram num grito último de perigo
e o sangue que gelara por dentro
aqueceu o passo e rompeu com o vento.
A carne e a pele para trás ficaram
esquecidas na poeira do tempo.
Na corrida desenfreada a ansiedade
perdeu-se do medo e o próprio susto
esqueceu-se de onde vinha.
O espanto de haver sobrevivido deu lugar
a uma imensa alegria e o prazer
do corpo reencontrado fez nascer
uma nova vida. Caos, liberdade e ousadia
trouxeram a música, a voz e com ela,
a nostalgia: saudade de um futuro próximo
em que juntos na mesma dança,
cada um se exprimia.
Libertada a dança, nasceu a poesia
Como um espelho onde muitos corpos se reviam.
Com novas peles e novos fados
tentaram recordar o que haviam passado,
inventando assim novos nomes
para que nunca esquecessem o susto
que levariam se tornassem a ficar
espantados algum dia.


escrito nalgum dia de Abril

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